sábado, 4 de fevereiro de 2012

Se a vida te der um limão...


Adoro minha tia Fátima,mas as visitas à casa dela são sempre muito espaçadas e os fatores distância e tempo são os principais responsáveis.
Domingo passado ,pouco depois de ter começado o dia, estabeleci o propósito de almoçar com ela.150 quilômetros após estávamos colocando as novidades em dia e haja assunto.
Conheci Hanna e Aisha , as novas meninas moradoras naquela casa só de mulheres.As duas são dois filhotes da raça pitbull que, apesar de me deixarem um tanto aflita, são mansas e lindas.
No quintal da casa da minha tia tem acerola,araçá,rosas,uma pequena horta suspensa e mais um tantão de plantas das mais variadas.Confesso que é uma festa para os sentidos.Há anos formou-se uma curiosa colmeia de abelhas sem ferrão em um xaxim onde havia uma bela samambaia.A samambaia se foi,mas a colmeia permanece.
Tia Fátima sempre acreditou em muitas coisas,agora tem espalhadas pela casa referências do feng shui.Dividindo a sala de estar do espaço reservado para a mesa de jantar há uma viga aparente e sob ela duas flautas de bambu pendentes.Ela insiste em afirmar que a viga bloqueia  a energia e as flautas a equilibram.Acreditando ou não,poucas coisas são mais prazerosas do que ouvi-la explicar.
A vida não tem sido nada fácil para ela nem para suas duas filhas e a neta.Contudo,em meio a tantas adversidades que as assaltam,elas estão sempre cercadas de esperança.Querem sempre aprender algo novo,inventam formas para ocupar o tempo ocioso e o que produzem acaba se tornando uma renda extra e uma incrível maneira de manter relações sociais.
Clichê ou não, os limões viram limonada.E falando em limões.Antes de voltar para casa, tia Fátima me perguntou: " Você gosta de limão siciliano?" 
Minutos depois, Jéssica voltou com uma sacola com meia dúzia de limões gigantescos,impressionantemente perfumados e luminosos.Na volta para casa o vento invadia o carro e espalhava o sol e o odor dos limões e há como há tempos não ocorria, senti a alegria da infância.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Eu, Cronos e a linha do tempo

A sincronicidade é uma experiência arrebatadora.Ela nos impregna de sensações que extrapolam o cotidiano e suas marcas avançam sono adentro.
Hoje eu queria saber mais sobre Cronos, o deus da mitologia grega,senhor do tempo.Vasculhei algumas coisas na internet e me dei por satisfeita com informações singelas que de algum modo serviriam justamente para o contexto da aula que eu havia programado.Horas depois,acompanhando a publicação de algumas pessoas no twitter,cheguei a esse vídeo incrível.INCRÍVEL!

No fluir e confluir das imagens coreografadas com tamanha delicadeza, vi-me afundar e contorcer nas possibilidades e impossibilidades tecidas pelo destino.Destino?Ele existe?
Tortuosas linhas traçam as areias da ampulheta que Cronos carrega e eu vou tentando escrever nelas,escrever com elas.Sofro uma espécie de analfabetismo avassalador.Viro e desviro a página,mas a areia que se foi,se foi e não retorna.Sinto pressa,mas a pressa me atrasa.
Vazam a areia, a pressa e as lágrimas.Se ao menos o coração não fosse um buraco tão amplo!!