quinta-feira, 20 de maio de 2010

Juazeiro, enfim!



Depois que chegamos fomos recebidos pelos familiares na cidade,acolhida breve e pé na estrada novamente, rumo à caatinga, seguimos para a casa de tia Beta.

Paisagem bruta e tórrida que me levava a imaginação para descampados distantes.Não fazia muito eu havia escutado no rádio, um programa especial do Gil Gomes contando a história de Lampião e Maria Bonita . Sentia um certo medo de que aparecesse de repente um cangaceiro.Meu pai ainda acrescentava "Ahh!Corisco andava aí pra essas bandas..."

O jeitinho dos poucos casebres que avistávamos era muito diferente .Tudo era muito diferente. Quando já estava meio sonolenta devido ao sacolejar do automóvel naquelas rústicas trilhas os "mãe , que é isso ?"" e os pai , que é aquilo ?" iam ficando cada vez mais esparsos até que cessaram e parecia que a viagem era longa demais para quem já havia entendido na rodoviária que ela já havia terminado.

De repente , o latido de cães anunciou a chegada . Novamente as saudações , os abraços , os apertos na bochecha ... Inacreditável era o prazer que aquele lugar rude , precário , mas honesto era capaz de despertar em mim e o desprazer que gerava ânsias na mais velha .

A seguir postarei um texto que escrevi há alguns anos para o Grupo Oficina Literária de Piracicaba, junto com uma foto em que estou eu, Tia Beta, Cravinho e Branquinha

A menina e os bichos do sertão

A pobre tia além de cuidar da bicharada era atingida por uma saraivada de porquês.Como um corpinho tão pequeno pode fazer tantas perguntas?!! Para a velha senhora, a rotina já não era tão rotineira também. Com aquela porção de argüições, ela própria se deu conta de uma série de coisas que nunca tinha parado para pensar. “Oxe, miúda danada de esperta!”

E lá iam para toda parte aquelas canelinhas meio tortas e os pezinhos empoeirados nas havaianas. Serelepe, não tinha parada e nessas suas investidas curiosas , viu , certo dia, um carneirinho comendo as folhas do pé de limão-cravo . Aproximou-se sorrateiramente e depois se sentou bem perto do bichinho que nem moveu a cabeça para conferir o que acontecia ao seu redor. Será que o Cupido dardeja o coração de gente e de bicho?

O encantamento repentino foi forjado no mais precioso metal e aqueles olhinhos se encheram de ternura numa reciprocidade imprevisível. A textura do pelo ,a serenidade do olhar, os chifrinhos eram as respostas para perguntas nunca feitas. A voz infantil cantarolava com suavidade e a mansidão curiosa de ambos os aproximou para sempre.



2 comentários:

  1. Oi Olga!

    Sempre fui tiete dos seus textos. Vou seguir seu blog e colocá-lo nos links do Golp,pois você frequentava o grupo nos tempos do engenho, lembra?
    bjos
    Ivana

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  2. Ivana,
    Ficarei feliz!
    Aguarde uma visitinha minha!
    beijo

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