sexta-feira, 26 de julho de 2013

Morador de rua

Dia desses em visita aos meus amigos em Belo Horizonte, Tony queria entregar dois edredons para algum morador de rua, mas receava fazê-lo sozinho. Eu e Bernardo o acompanhamos...

Mil espelhos em estilhaços me atingiram
quando o globo do olho - todo o planeta e seus satélites
buscou os meus no absurdo da noite fria
Eram olhos de indagação, indignação e medo
tudo ao mesmo tempo circulando
a lágrima suspensa, por vir...
eternamente anunciada e
solidificada na pedra-coração-sobrevivência
Senti terror, mas qual
não sentiu ele também?
Na passagem do tufão
retraí o passo e a boca torta de susto
pendurou uma placa que dizia:
- Sinta menos frio, meu irmão.
E no mesmo segundo
o que era uma coisa
virou outra sem nunca deixar de ser
e o que era medo
gratidão – mas nunca sem suspeitar
O mundo todo se encolheu
se dobrou, se curvou e veio parar aqui dentro
no lugar onde brotam as nuvens fazedoras de lágrimas
A noite era fria
e choveram indagações
e indignação

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