quarta-feira, 23 de junho de 2010

Tanto vaga-lume

                Tanto vaga-Lume

                                                                       
Olga Martins

         Só me lembro da correria doida da molecada .Mal voltavam da escola e a noitinha começava a roçar as horas, aparecia lá no final da rua um tremeluzir enlouquecido.Verdadeira constelação .
         Rua sem asfalto.Rua sem modernidade dos postes iluminados. (Nem precisava que o céu vinha nos visitar algumas vezes.)
         Era rua porque se chamava assim , mas lá pra baixo perto do morrão  era um mar de mato.
         Os anjinhos sem asas disparavam  de suas casas-nuvem  carregando potinhos para fazer lampião.
         Estrelinha acendia aqui , piscava lá , mudando de lugar a todo instante como se o próprio céu se movesse .Pegava-se uma estrelinha  e mais outra e outra mais e parecia interminável a multiplicação delas.
         Era um tempo assim à toa , de algazarra luminosa , cheia de planos individuais em que cada um imaginava o que faria com aquele brilho todo. Talvez por uma espécie de compaixão não me lembro do destino das fagulhas vivas capturadas..
         De volta para casa , depois do banho , do prato de comida, da conversa ligeira , enquanto os olhos não se despregavam da novela das oito ,as estrelinhas viraram fogueirinha na memória.

Um comentário:

  1. Olga, vc tem twitter? Vc já votou contra o novo código florestal? Está tdo bem? bjs, Sofia

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