quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Dia dos Professores

Poderia falar sobre o sentido da palavra professor, resgatar a ideia de mestre, de educador.Prefiro falar um pouco sobre minha trajetória nesta profissão.
Antes...

Querido amigo professor
Que estende sua mão para acolher
e que coloca na ponta do giz um coração generoso


Querido amigo professor
Que se estende inteiro 
na humilde profissão de ser
ponte luminosa bem sinalizada


Querido amigo professor
humano,inspirador e nunca pronto
Felizes sejam seus dias!




Agora ...quem é Olga, a professora



Caminhante, são teus rastos 
o caminho, e nada mais.; 
caminhante, não há caminho, 
faz-se caminho ao andar. 
Ao andar faz-se o caminho, 
e ao olhar-se para trás 
vê-se a senda que jamais 
se há de voltar a pisar. 
Caminhante, não há caminho, 
somente sulcos no mar.
Antonio Machado
           

Havia um tapete azul que se estendia feito o mar naquela sala pequena. Em um canto algumas tampinhas de garrafa organizadas em fileiras atendiam aos comandos de uma tampinha de 51, mais alta, feita de material diferente. O som da televisão e as conversas da família depois do jantar eram vozes distantes. A sala de aula reproduzida absorvia todo interesse da menina. Eu era a menina.
Enquanto reproduzia o modelo de escola pública de um bairro operário na Sampa dos anos 70 e a repressão comia solta pelo país afora, a semente da educadora vibrava em mim, um buliçoso prenúncio.
Depois da separação dos meus pais, minha mãe derrubou o jardim à frente da nossa pequena casa e construiu um boteco. Eu empilhava livros e cadernos no balcão e estendia o coração para diversas histórias humanas. Entre um freguês e outro sobrava tempo para “dar aulas” sobre os conteúdos que eu precisava estudar para as provas; às vezes falava para uma classe imaginária, às vezes havia algum colega estudando junto. Eu escrevia na lousa fixada na parede que separava bar e corredor e com entonação firme marcava o ritmo da aula. Marcava também o ritmo da minha própria vida. Vislumbrava inocentemente minha trajetória futura e um dia falei para minha mãe:
_Serei professora!
            Decidida, cursei o magistério na Escola Estadual Alexandre de Gusmão..Já no segundo ano, minha professora de Didática, Célia, me convidou para trabalhar como auxiliar de classe em uma escola de educação infantil no bairro do Ipiranga.Eu tinha 16 anos.

Minha formação foi sustentada desde o princípio por professores cujo trabalho orientava para uma visão crítica e humanística. Paulo Freire. Madalena Freire, Emilia Ferreiro, Freinet, Piaget eram os nomes do meu cotidiano então. Outro desejo me inquietava a essa altura, queria alçar outros vôos e me preparava para a faculdade de jornalismo. Nessa época eu trabalhava na Escola Patuá, meu primeiro emprego e na Escola Ursa Maior. Transitava entre a educação infantil e o fundamental I.
            No entanto, desde que embarquei no magistério, uma espécie de encantamento passou a me envolver. As escolhas foram fluindo naturalmente e as coisas foram se interligando, entrelaçando  como se fossem  tecidas pela mitológica Aracne.Quando cursava jornalismo, engravidei, tive sérios problemas e me vi obrigada a desistir do curso.
            Minha paixão pelos pequenos que aprendiam a ler e a escrever e que tanto amavam ouvir histórias me levaram a uma nova escolha: Letras.Neste período eu estava trabalhando no Colégio Radial e tinha uma grande incentivadora, minha coordenadora Maria Helena Cardoso.
            Em 1994 precisei me mudar para Belo Horizonte e foi na UFMG que minha paixão pelas letras se intensificou, abraçada pelas montanhas e por uma atmosfera poética me envolvi com literatura e psicanálise.Conheci pessoas interessantíssimas e projetos inovadores – era a época da implantação da Escola Plural na prefeitura de BH
            Finalmente me instalei em Piracicaba,onde trabalhei no Colégio John Wesley – Universitário e em 2002 fui contratada pelo Colégio Metropolitano Pueri Domus Escolas Associadas .Minha identificação com a proposta pedagógica foi imediata.Todo o meu percurso sempre esteve voltado para a abordagem sociointeracionista .
            Aquela menina que brincava com tampinhas de garrafa e sonhava com azulejo nos banheiros,continua vivendo, sonhando e aprendendo. Olha para o caminho percorrido,reconhece as mancadas,as falhas do calçamento,recorda as pinguelas que teve de atravessar, mas vislumbra pedrinhas de brilhante por  onde passou com tantos amores.A menina também olha para a frente, mas nada vê,porque assim deseja.Mira o horizonte e apenas quer companheiros de verdade.


                                      Posso afirmar que vivo daquilo para que vivo!





SONETO PARA OLGA

Quem é que foi a melhor das professoras?
E, além disso, é uma amiga muito legal?
Fazia dinâmicas interessantes,
Não tratava nenhum aluno mal

Nossa professora mais divertida
Mais alegre e concentrada também
Tornou-se essencial em nossas vidas
E agora só desejamos seu bem

Essa é você, amante da poesia,
Da tranqüilidade e da natureza,
Portadora de uma grande beleza

Essa é você, querida professora,
É você que nunca nos deu uma folga,
Você, querida professora, Olga

Lucas Angelocci








3 comentários:

  1. Visitei seu blog e gostei muito! Gosto de poesia, versos e conto. Posso seguii-la? também tenho blogs.
    http://contoserimas.blogspot.com/
    http://artesetrapos.blogspot.com/
    Ficarei feliz com sua visita.beijocas mil.

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  2. Olga, obrigada pela visita!!!
    E por falar em chorar, no show , eu me acabei!!!
    Beijos
    Paulinha

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