quinta-feira, 21 de abril de 2011

Belo Horizonte e arredores (parte I)

Pegar a estrada que me levou a BH há mais de 15 anos e que depois me trouxe a Piracicaba para desenhar uma trajetória de reencontros me enche de ternura.Ternura,eita palavra difícil na boca do povo de hoje em dia!Apenas uma final de semana é muito pouco para dar conta de atender à necessidade de dividir o tempo que o tempo recobriu de saudade.Contudo, tentamos.
Bernardo e Adriano são duas das pessoas com as quais eu desejo passar minha velhice,sob o risco de nunca,jamais envelhecermos- exceto na casca.As gargalhadas mais espontâneas,a sinceridade crua e muitas vezes dura, o olhar amoroso e profundo, a nudez da alma,a transparência da admiração são alguns dos ingredientes que se entrelaçaram para compor essa música que somos.Música clássica alimentada por Bernardo( hoje um pouco mais tecno),os tambores de Adriano,meu cigano lado que transita do flamenco ao rock.Somos uma diversidade una.Somos e seremos eternos enamorados. 
O tempo judia,inventa a distância e faz questão de passar correndo quando sente inveja da felicidade alheia.
Os poucos momentos que tivemos foram invejáveis mesmo.Até eu senti inveja !

Da enorme janela da sala,vê-se BH, crescendo,crescendo...
Para que os cenários do nosso encontro adquirissem maior mineiridade,passeamos pela Serra do Rola-moça,já ouviu falar?Esse também é o nome de um poema de Mario de Andrade. 

Havia uma chuva se formando em torno de nós e víamos as nuvens carregadas se alastrarem feito imensa praga de gafanhoto.À medida que subíamos a serra,acabamos deixando-as atrás em sua velocidade paciente.Resolvemos assistir de camarote um espetáculo da natureza no Mirante Morro dos Veados.Lugar impressionante!Os olhos demoram para captar a expressão do lugar.
Impressionou-me escutar o vento.Parecia a cavalaria alada arrastando com vigor  a massa de nuvens acorrentada.Os olhos ardiam de prazer com aquela beleza terrível!De arrepiar mesmo!
Ali da beirinha, de frente para a face verde das montanhas curvilíneas e voluptuosas.Conversei com o vento que passava nervoso- talvez acelerado pelas asas do milhares de Pégasos - E vinha atabalhoado,trombando forte contra as costas das montanhas.O ruído alto cambaleava de uma pra outra borda e quando chegava ali onde eu estava, derramava-se em uma energia gélida,varrendo tudo com força.Não era canção era pressa-mensageira...aí vem a chuva!
Caio e Be








O frio intenso e o medo dos raios nos fez devolver as rodas para a estrada.Sinuosa, estreita e intimidadora.
Nosso objetivo na sequência era chegar a um local chamado Verde Folhas (assim mesmo sem concordância).Lugar lindo,muito interessante para um contato com a natureza.Assim que chegamos ao restaurante e eu já começava a preencher o termo de responsabilidade para que o Caio pudesse realizar as atividades de aventura,a chuva chegou.Parecia a chegada da tal cavalaria na companhia de Zeus, cuja presença anunciava lançando raios.Resultado : práticas suspensas para a frustração de Caio e meu alívio,uma vez que um dos raios caíra ali bem perto de nós,perto o suficiente para chamuscar os braços e as costa de uma garotinha que havia acabado de se dirigir para o local de arvorismo.
O jeito foi ficar ali,assistindo a chuva, sentindo a presença do sagrado na beleza da natureza.Não dava vontade mesmo de ir embora, mesmo sabendo que no fundo a chuva não passaria tão já.
Mesmo embaixo das gotas geladas, Élio , Caio e Bernardo resolveram descer para a cachoeira.Na hora achei a ideia a coisa mais infeliz do mundo.O céu muito cinza, a tarde chegando no seu finalmente,lama para todo lado ,uma chuvinha fina e fria e o meu espírito avesso a aventuras...Deixei-os ir à frente.Era uma descida razoável entre pedras e degraus com a feliz ideia de cabos de aço para apoio.Mal comecei a descer no meu ritmo estrategicamente lento e cuidadoso,senti medo.Eu sou mesmo muito medrosa quando se trata de enfrentar a natureza ,seus insetos e suas surpresas,admito.Eu poderia voltar, admitir o medo,ficar esperando no restaurante, no carro me mordendo de curiosidade e vontade,ou eu poderia arrancar as sandálias, enfiar os pés nus na terra melada,encharcar minha roupa, bater o queixo de frio e...
Se é que eu calculei tudo assim tão racionalmente, não tenho a menor noção,pois em fração de segundos, respirei, e larguei as sandálias que escorregavam muito de lado,pedi licença e iniciei a descida com uma coragem desconhecida.Algo intenso, forte e reenergizante tomou conta de mim.Alguns degraus eram altos e senti os músculos das minhas coxas repuxarem.Ao me verem,os meninos me saudaram.Bernardo me deu a mão e transpus o último obstáculo antes de chegar a ela, a Cachoeira das Piabas.Só estávamos nós e os seres invisíveis.
Élio e Be

Eu e Be

Parece noite, não é?? Mas ainda não era.
Essa foto saiu melhor



Você deve ter notado que Adriano ainda não apareceu na história, não é??

Um comentário:

  1. Se eu não vou a BH, BH vem até mim pelas mãos abençoadas da Olguinha!!!!!!!! Parabéns por nos oferecer isso!!!!!!
    Thaís D.

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