sábado, 29 de setembro de 2012

Visita a Manaus
Tem hora que dá uma agonia não entender a voz metalizada dos anúncios no aeroporto ! Fico catando no ar os fragmentos das palavras.Ao meu lado um senhor colocou fones de ouvido e nem percebeu que todos estão ouvindo os tangos que ele crê ouvir sozinho. Diante de mim um senhor de sapatos bicolores lustrosos . Será que ele vai começar a dançar tango? Se bem que sua figura me recorda mais o dançarino de salsa em seu terno de linho e chapéu panamá.
Não deu em nada. Vira para cá, vira para lá, o homem seguiu seu destino, o senhor dos tangos,desistiu da música e resolveu checar os e-mails, continuo não entendendo nada do que dizem nos alto-falantes e o time do Avaí trança para cá e para lá tentando encontrar o portão de embarque.
Músicos, sim, esses que desfilam são músicos. Alguns carregam instrumentos e mantêm um certo ar de artistas em sua roupas descoladas ,chapéus, bonés, óculos e relógios e tênis  . Menos o cabeludo pra lá dos quarenta, cabelo comprido, barrigudo e de bermuda jeans quase na canela.Eis um homem grande e conhecido. Ah sim! Chorão. Já vi tudo, os caras do Charlie Brown vão invadir a cidade... de Manaus. Eles estão no meu voo.

Nunca tive problemas com viagens de avião, mas agora que estou com o corpo um pouco mais avantajado, qualquer voo que dure mais de 3 horas, evoca em mim o feminino do Hulk na TPM.Coitado do Élio que fica ouvindo meus resmungos, mas até ele concorda que a TAM capricha no aperto, sobretudo quando o passageiro da frente resolve reclinar a poltrona.Fiquei espremida sem conseguir ajeitar "a carga" adequadamente.Aí já viu, né? Até a etiqueta da calcinha , que você nunca imaginou existir, marca presença.


No desembarque fãs enlouquecidos esperavam pelo ídolo no saguão. Foi aquela maluquice de gente querendo tirar fotos,abraçar o cara,enfim era um tal calor humano que se estendeu por toda a atmosfera.Antes fosse, era o calorão de Manaus mesmo! 

Para compensar esse calor, tudo quanto é lugar tem ar condicionado e eu que gosto mesmo de um friozinho,gostei,mas não esperava que essa luta de opostos fosse resgatar uma velha inimiga,minha bronquite. Claro que ela chegou já no final da viagem, mas veio,  fraquinha, carcomida pelo tempo ela não hesitou em chegar e me agarrar como um fantasma do passado.

Fiquei no Tropical Hotel,uma estrutura gigantesca à beira do Rio negro em um bairro chamado Ponta Negra. Os longos corredores que se estendiam pelo complexo tinham portas e guarnições em uma madeira escura.E haja madeira! Meu coração tolinho queria contar as árvores que foram derrubadas para aquela sombria compreensão arquitetônica. Melhor deixar para lá.


Eu, que a principio fui meio relutante com a ideia de ir para a Amazônia , tinha vivido dias de ansiedade e prazer, porque apesar de pamonha - como minha avó costumava achincalhar os covardes - tenho um sangue apaixonado pelas coisas da terra , uma alma que palpita agitada por causa das plantas, das pedras, das águas...- creio que resquício de avó benzedeira, que arrastava as chinelas com um galho de arruda nas mãos e ensinava chás e unguentos.

Estava ali na terra dos Manaós ,tribo que habitava a região à época da colonização .

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