sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O mar

A sensação nervosa dos pés quentes na água fria que chega assim em anéis com auréola espumosa é a sensação da infância revivida,do encontro proibido.
Desejado e temido.
Depois dos beliscões gelados na pele,o peso nas pernas,os respingos salgados,a surpresa malandra da onda chicoteando o dorso.
As vozes ficando ocas no farfalhar das saias da mãe-água e uma súbita vaga enchendo de prazeroso vazio uns poucos segundos.
Esse é o meu lugar no mundo :esse intervalo entre a sofreguidão da incansável arrebentação e o arrastar de areias da beira.
Esse intervalo de uma onda não formada e gorda de água que me suspende e me sustenta.
No colo da eternidade que não dura mais do que uns poucos segundos...
..feminino é o mar como querem os franceses.

ilustração de John Barnard

3 comentários:

  1. Sou muito suspeita, primeiro para falar do mar, depois, muito mais suspeita ainda, para falar do talento da minha grande amiga Olga. Parabéns, você consegue nos trazer o cheiro do mar, o barulho das ondas e o prazer em observá-lo, através de suas palavras!!!!!
    Thaís

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  2. Texto poético, lindo! Muito obrigada pelos minutos de viagem e encantamento! Marli Rocha

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  3. Oh,meninas!!
    Vcs trazem ondas de alegria!!

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