segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Modigliani

          Sabe aquela sensação de estar impregnado de algo?
     Você tem um sonho e ao acordar, as impressões vividas durante o sono grudam em sua pele,em sua consciência e alteram seu humor ao ponto de fazê-lo duvidar se está realmente acordado.
       Passa o dia inteiro assim , na iminência de que o sentido de completude e realização nessa vida ocorra a qualquer momento.A realidade agarra suas pernas e o impede de se afogar de vez e aos poucos a sensação que o impregnou vai se diluindo e passa.Até o próximo capítulo.
          O mesmo acontece às vezes quando ao ouvir uma música,ao ver uma foto ou ao assistir a um filme seus ossos se abalam.
            A primeira vez que assisti a Modigliani, paixão pela vida fiquei assim por um tempo, como se pudesse corrigir as falhas históricas que não tornaram possíveis a plenitude de um amor.Claro que o filme, mesmo não sendo exemplo de excelência cinematográfica,com toda sua linguagem me abraçou fortemente.Até mesmo o fato de ser Andy Garcia a representar o apaixonado Amedeo Modigliani pode ter me induzido a essa aura.
     O fato é que a genialidade do artista e a tragicidade de sua vida e relacionamento com Jeanne são mesmo tocantes.

     Quando fui ao Masp pela última vez(e já faz até um tempinho),fiquei silenciosamente tocada diante das telas de Modi ali expostas.Senti-me transpassada pelas pinceladas a óleo e viajei no tempo tentando me aproximar da pessoa retratada e do próprio artista.
         Enxerguei e senti por intermédio dos contornos e cores de Modi,a infinitude de nossa finitude.Percebi o calor e o frio de uma Paris borbulhante com seus champagnes e vinhos célebres.Captei a atmosfera inebriante de pincéis, tintas e poetas registrando o mundo.
      O teto foi me achatando de tal modo que eu cabia na tela.Toda aquela pressão sobre mim  e então os olhos, quase todos vazados me abriram espaço para a fuga...



Quer descobrir suas próprias impressões, assista ao filme.
Nesta postagem , fiz singelos versos para Jeanne

2 comentários:

  1. Cada traço assimétrico que eu imagino que essa mulher um dia teve, esse olhar sério e ao mesmo tempo inocente que (aos meus olhos) Jeanne possui em seu retrato, me fazem sentir uma unica conclusão: "Ela era (e ainda é) linda!"

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  2. Olá, Jean! Já viu fotos da Jeanne?Ela era realmente lindíssima!!!

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