sábado, 20 de novembro de 2010

O Minotauro (parte 1)

Eu não conheci o Minotauro através de livros,mas através da televisão, assistindo ao Sítio do Picapau Amarelo.
A obra de Monteiro Lobato ,que hoje está causando burburinho no cenário das tentativas do politicamente correto,chegou até mim por intermédio da telinha ainda em preto e branco.Era um mergulho de cabeça na fantasia do qual eu não abria mão.Voltava voando da escola e não falava com ninguém até que o episódio chegasse ao fim.
Eu morria de inveja de uma amiga de uma colega de escola.Ela se chamava Ariadne.E Ariadne era uma menina bonita de cabelos longos e cacheados, delicada e simpática.E Ariadne, a amada de Teseu, era também o nome da minha heroína favorita àquela altura.
O que Ariadne, Teseu e o Minotauro tem a ver um com o outro?Onde eu entro nessa história?

Na ilha de Creta, desenvolveu-se uma fantástica civilização chamada minoica em virtude do título dado ao rei de Creta, Minos, e quer dizer faraó.Apesar de terem sido feitas maravilhosas descobertas arqueológicas dessa civilização,sabe-se pouco sobre ela, pois sua escrita nunca foi decifrada(exceto pela chamada quarta escrita).Sabe-se que a civilização minoica , juntamente com a egípcia são a base da cultura helênica.

Faço uma sugestão de leitura para quem aprecia mitologia grega:












Minos

As cores estavam em tudo,cores vivas que destacavam a maestria das pinturas que forravam as paredes.O rei Minos apreciava passar pelos corredores para descobrir um novo detalhe que lhe havia passado imperceptível na ronda anterior.Falava consigo mesmo e deslizava os dedos suavemente nas bordas das cores , nos contornos e sentia-se satisfeito com a precisão do artista e a energia que emanava do cenário.
Ao caminhar pela ala leste de seu monumental palácio,Minos detinha-se sempre com mais cuidado diante da imagem das toureiras saltando sobre o touro sagrado.Respirou profundamente e refletiu sobre como desejava que as pessoas compreendessem a necessidade de vencer os instintos.Superar o touro não é apenas um desafio pessoal dos próprios limites físicos.
Reparou na fluidez dos movimentos femininos e na destacada oposição de massa corpórea entre o touro e as mulheres e ficou satisfeito por Cnossos abrigar em suas paredes  arte e sabedoria.Orgulhava-se de seu palácio sem muralhas o que significa que seu governo era o de uma sociedade que dependia de sua capacidade diplomática e não muralhas e força.
Em todo o palácio havia sinais da importância do touro sagrado para ele e seu povo.Eram chifres de ouro em todo o palácio para que a lição não fosse esquecida.
Ainda no período da manhã,inspirado por essa aura contemplativa,passou pelo afresco onde damas de azul revelavam a leveza e a liberdade feminina que ele tanto valorizava.Todos os dias fazia questão de acordar a consciência para a importância de vencer a brutalidade, de evoluir.
 e depois de longos minutos , seguiu para o templo de Posseidon, o  deus dos mares tão cultuado na ilha.
Enquanto fazia uma oferenda, foi surpreendido pelo próprio deus.
_ Oh, Meu senhor! Que honra encontrá-lo aqui.Vim para agradecer mais uma vez pela proteção que o senhor dos mares tem concedido ao meu reinado.
_ Sim.Minos, vocês está realmente disposto a provar sua devoção?
_Claro!Farei um sacrifício com o que houver de melhor para agradecer a glória que atingiu o meu império, senhor! Falava isso sem erguer os olhos.
_ Venha comigo.
Antes que inspirasse o ar mais uma vez para respirar, Minos estava na praia com o Posseidon a seu lado.Ainda atordoado com a experiência e com a luz intensa do sol,viu sair da espuma da arrebentação um touro branco magnífico como nunca nenhum mortal tinha visto ainda.
Sentiu uma forte pressão no peito causada pela angústia do que deduziu no mesmo instante.Ele teria que sacrificar aquele animal espetacular.Olhou ao redor como se pudesse ainda argumentar, mas o deus o levou de volta com o animal para diante do templo onde permitiu  que o rei o visse.
A beleza do animal era absolutamente extraordinária e todos os que o viam enchiam-se de deslumbramento.
_Pasifae, minha amada esposa,não é possível que Posseidon sinta-se satisfeito com o sacrifício de um ser tão majestoso.
_Já imaginou as toureiras saltando sobre ele?Não seria de encher os olhos e o coração?Completou a rainha.
Minos que tinha o senso de preservar tudo o que era belo,achando mesmo que seria uma violência sacrificar o animal,achou que Poseidon não se importaria e sacrificou o mais belo touro de seu rebanho em vez do touro branco.
Contudo, o rei não levou em conta o fato de que os deuses vêem o que os homens são incapazes de ver.E. embora o sacrifício apresentado tenha sido grandioso para os padrões humanos, Minos não cumpriu a promessa que fez a Posseidon e essa atitude custaria um preço muito alto.

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