Tanto vaga-Lume
Olga Martins
Só me lembro da correria doida da molecada .Mal voltavam da escola e a noitinha começava a roçar as horas, aparecia lá no final da rua um tremeluzir enlouquecido.Verdadeira constelação .
Rua sem asfalto.Rua sem modernidade dos postes iluminados. (Nem precisava que o céu vinha nos visitar algumas vezes.)
Era rua porque se chamava assim , mas lá pra baixo perto do morrão era um mar de mato.
Os anjinhos sem asas disparavam de suas casas-nuvem carregando potinhos para fazer lampião.
Estrelinha acendia aqui , piscava lá , mudando de lugar a todo instante como se o próprio céu se movesse .Pegava-se uma estrelinha e mais outra e outra mais e parecia interminável a multiplicação delas.
Era um tempo assim à toa , de algazarra luminosa , cheia de planos individuais em que cada um imaginava o que faria com aquele brilho todo. Talvez por uma espécie de compaixão não me lembro do destino das fagulhas vivas capturadas..
De volta para casa , depois do banho , do prato de comida, da conversa ligeira , enquanto os olhos não se despregavam da novela das oito ,as estrelinhas viraram fogueirinha na memória.
Olga, vc tem twitter? Vc já votou contra o novo código florestal? Está tdo bem? bjs, Sofia
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