quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Amanheci

domingo, 19 de dezembro de 2010

O NATAL DE MARICOTA

   Maricota já havia passado no mercadão do bosque e adquirido algumas crisálidas douradas  que ficariam perfeitas na tuia do quintal a tempo de eclodirem na noite de Natal. Comprou também fitas vermelhas . Fazia muito calor e havia um congestionamento horrível de formigas. Espalhados nas árvores,os corais de cigarra cantavam. Havia no  ar uma deliciosa confusão.
   Apertou o passo,desviando-se dos ambulantes que insistiam em oferecer o último lançamento , pirata é claro , de RC , o rei dos grilos .
   Andou mais depressa , pois nessa época , qualquer chuva poderia ser um verdadeiro desastre . Não tardou e estava em casa.Colocou a sacolinha  sobre a mesinha feita de madeira nobre e tomou umas gotinhas de néctar.


A idéia é que você ajude a contar a história do Natal de Maricota,alguém comum como você e eu.Alguém interessado em cultivar a vida,em partilhar momentos,sem esquecer do advento que a data celebra.
Podemos tentar?Escreva !

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Entre fios


                                  
 
Sopro a cabeleira de fios
Penteada no tear
Tentativa vã de ordenar
Os pensamentos
Que nascem sedentos
De sinapses não-lineares
De  novas conexões
Soltas pelos ares
Nascem novas tapeçarias
Novas armadilhas
E quem foi que deu o nó ?
E quem foi que fez o fio rebentar ?
Estou só no labirinto
Sem novelo de Ariadne pra ajudar...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Cadê as chaves?

Depois de ler e ouvir meus relatos pessoais de circunstâncias nada corriqueiras , um amigo me disse que eu parecia uma personagem de sitcom.E quem há de discordar?




_Essa situação é um absurdo!
_Eu sei, 
_É inaceitável.-Continuava reclamando.
_Concordo,mas pelo menos terei uma história para contar.
Assalariado sempre aguarda o dia do pagamento para quitar a maioria de suas contas.Nesses tempos de internet essa tarefa é facilitada.Os boletos podem ser pagos em casa e as transferências de uma para outra conta também.No entanto,em alguns casos, ainda é necessário que se efetuem pagamentos in loco.
Mari já havia chegado do trabalho e o pai avisou:
_Temos que ir ao Carrefour.
O dia havia sido quente,extremamente quente e pegajoso.Os gestos pareciam grudar-se no ar e as ações se arrastavam preguiçosamente.Caio havia tido uma tarde ainda mais quente,esteve febril,mas àquela hora , depois de um banho fresco e de um analgésico sentia-se melhor, mas ainda cansado.Preferiu ficar em casa,descansando.
Élio deixou a chave no lado de fora da porta,Mariana, a última a sair trancou e entramos no meu carro.Assim que o motor foi acionado recomendei que fôssemos no outro carro.
_O barulho aí na frente ficou pior,melhor irmos no seu.O jeito é levar até uma oficina amanhã.
Trocamos de carro e eu voltei para dentro de casa para guardar a chave da "space".Mari colocou a cachorra para dentro, o gato quis sair e Élio nos apressou.No alvoroço pedi ao Caio que trancasse a porta.Em segundos partimos rumo ao supermercado para pagar a fatura e,quem sabe, encontrar alguma oferta tentadora.No caminho apelamos para um impecável suco de melancia.
Aproveitamos o clima consumista e demos uma passadinha no shopping.Nessa época que antecede o Natal,nem é necessário dizer o quanto estava cheio.Resumo da ópera: saímos bem tarde e bem tarde chegamos em casa.Sacolas na mão em frente à porta fechada:
_Cadê a chave???
Mariana havia deixado dentro da "space" trancada cuja chave estava dentro da casa...trancada!
Eu não havia pegado a minha nem Élio a dele e Caio dormia profundamente depois da tarde febril.Os cães latiram, a campainha do interfone soou repetidamente, bem como o telefone e nada.Nenhum sinal de que ele acordaria.Vasculhei minha bolsa, vasculhamos o carro e nada.O que fazer?
Élio subiu no telhado na tentativa de chegar perto da janela do quarto do Caio para fazê-lo acordar.Não funcionou,sem contar o risco.
_Isso é um perigo e se algum vizinho achar que eu sou um ladrão?
Depois dessa tentativa frustrada, o máximo que conseguiu foi se enrolar no fio do telefone.Resolveu tentar abrir a porta lateral.Mais difícil ainda.Os cães latiam e nada.Tentei ligar mais uma vez para casa.O telefone já não soava,o fio havia se rompido mesmo.Agora só nos restava procurar um chaveiro 24 horas.
Mariana pediu ajuda a um amigo pelo celular.Ele estava na internet e localizou vários telefones.Ligamos um a um e nada!Ninguém atendia!A única vez em que atenderam o alívio foi momentâneo,era um especialista em carros,não atendia a emergências domésticas.Como assim?
Resolvemos dar uma volta pelo bairro,depois pelo centro da cidade e não conseguimos encontrar nenhuma referência  que já não houvéssemos tentado por telefone.Desistimos.
Élio continuava indignado com a situação,Mariana só tinha fome e sono.Eu só tinha uma preocupação,Caio não acordar a tempo para a última prova.
_O jeito é matar o tempo e depois dormir no carro mesmo, ora.
Cachorro-quente no Daniel e uma noite mal dormida.
Élio tinha uma bolsa de viagem dentro carro com toalha e tudo , estendeu no gramado,usou sua bolsa de futebol como travesseiro e gastou alguns minutos ainda tentando falar com um chaveiro, na esperança de que alguém atendesse.Mas já eram duas da manhã e isso aqui não é São Paulo.Logo ele acabou caindo no sono e sono profundo posso dizer.A terra deve ter sugado o resto de sua energia a boa e a ruim.Ele dormiu totalmente entregue.
Antes que eu me ajeitasse, Mari já dormia encolhida no banco de trás.Sua posição se assemelhava a do gato sobre a caixa de papelão no canto da garagem.O segurança passou apitando.
Abaixei o vidro e o banco do motorista para que o ar circulasse.Apesar do calor assombroso do dia, a noite embora quente, trazia consigo uma brisa feliz.O cansaço me abateu e dormi,mas não por muito tempo.A vizinha adolescente chegou com uns amigos no meio da madrugada e eles ficaram na calçada conversando, rindo,brincando.Brincadeira! Lá se foi meu sono.Meus companheiros sem-cama estavam na mesma posição desde que haviam caído no sono.ouvi novamente o segurança em sua ronda.
Virei de um lado, virei de outro com um cansaço enorme ,com olhos cerrados, mas sem conseguir me desligar.Olhei no relógio enquanto o som da vozes iam ficando cada vez mais distantes e algum tempo depois, dormi.
Dormi por vinte minutos,até que o gato me chamou na janela querendo entrar no carro.Colocou uma patinha no meu ombro.Facilitei sua entrada e ele se ajeitou lá no fundo,no tampão traseiro.Mexeu no cinto de segurança,se lambeu e aquietou.os outros dois, estáticos nem notaram nada.
O segurança passou apitando em sua ronda sistemática e eu repeti o ritual.Vira para cá, ajeita para lá.Perna esticada, braço encolhido.O sono se aproximando novamente ,suavemente,sorrateiramente..
O gato resolveu sair do carro,ajudei ainda no meio do sono,sem perder o fio.
Uma mariposa preta,imensa pousou na parede perto da renda portuguesa,o gato percebeu e tentou pegá-la.O fio do sono se rompeu.A mariposa voou,o gato saltou sobre o meu carro, atrás dela.Desistiu, resolveu entrar no carro novamente.Praguejei.Ele saltou para o assoalho diante do banco do passageiro,tentou apanhar algo no porta copos,no porta-trecos da porta.Abri a bolsa, apanhei o celular.Eram cindo e onze.
_Eu quero dormir ,Mozzani.Dei uma bolsada no traseiro dele.Achando que eu brincava saltou para fora acelerado.
O mundo calado, menos meu gato.Mari suspirou, gemeu e ajeitou o corpo.Élio imóvel de bruços sobre a toalha na grama.
Dormi.Acordei com o o dia amanhecendo e a passarinhada fazendo a maior algazarra nas árvores e nos fios da rua.Alto, muito alto!Eram seis horas.
Melhor despertar de vez e tentar acordar o Caio.Élio apertou o interfone por duas vezes e o adolescente sonolento e já sem febre, sem saber nada sobre a história abriu a porta e ouviu:
_Graças a Deus!!!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O Minotauro(parte final)

Créditos da imagem :Warwick Hutton

Em Atenas a fama do herói que havia vencido vários vilões corria solta,porém ele não fora reconhecido assim que chegou.
A única pessoa que sabia de sua chegada era Medeia,a feiticeira que havia fugido de Corinto após matar quatro pessoas, dentre as quais seus dois filhos.Ela havia se refugiado no palácio de Egeu no período em que Teseu ainda estava em Trezena e prometeu ao rei que lhe faria poções mágicas caso ele a desposasse.Essas poções teriam o poder de manter-lhe as forças da  juventude e ainda lhe possibilitaria ter os filhos que tanto desejava.Em face dessas promessas, Egeu desposou Medeia.
A chegada de Teseu poderia colocar os planos da feiticeira em risco,expulsando-a dali.Logo, ela se antecipou,procurando Egeu e provocando uma intriga:
_Egeu,o estrangeiro com fama de herói que está por chegar não passa de ardiloso espião e uma ameaça ao seu trono.Você deve convidá-lo pra vir ao palácio e oferecer-lhe vinho envenenado.Não corra riscos.
O rei concordou com a trama e não tardou para que o estrangeiro fosse localizado e convidado a vir ao palácio.
E assim, Teseu chegou e foi recebido pelo rei que obviamente não reconheceu o próprio filho.A taça com veneno já estava preparada e Medeia agia com impaciência, ansiosa por um desfecho que lhe fosse favorável.
Teseu também estava ansioso por ser reconhecido por seu pai.Sabia que isso só seria possível, se Egeu identificasse a espada e as sandálias resgatadas do rochedo onde o rei as depositara antes do nascimento do filho.
A mesa foi coberta com iguarias e logo que a carne foi servida, sob o pretexto de cortá-la, Teseu sacou a espada.Ele sentia que não havia por que prolongar o segredo a seu respeito.A lâmina brilhou e mal avistou o objeto, Egeu derrubou propositadamente a taça de vinho envenenado e prosseguiu com uma série de perguntas que o fizeram ter certeza de que ali diante dele estava seu tão esperado herdeiro.Medeia tentou escapar furtivamente ,mas ao comando do rei que compreendeu seu ardil ,foi expulsa de Atenas e voltou para sua pátria, a Cólquida.
Diante de uma assembleia popular, o jovem herói foi apresentado,toda a história foi contada e em seguida  a  aclamação choveu com entusiasmo singular.
Atenas, contudo ainda vivia tempos de turbulência em função da ambição dos filhos de seu tio Palas.Teseu, pós ter sido reconhecido como herdeiro do trono ático, saiu para enfrentar os cinquenta primos que causavam verdadeiro tumulto reino afora por não aceitarem o fato de um estrangeiro vir a reinar sobre eles naquelas terras.
Os palântidas, como eram chamados os filhos de Palas, se armaram e prepararam uma armadilha para Teseu, mas o emissário deles,um estrangeiro,revelou todo o plano deles a Teseu, que descobriu o esconderijo onde estavam e liquidou os cinquenta sem pestanejar.
Havia o risco de promover a ira entre o povo assim que a notícia se espalhasse então se antecipou e admitiu ter agido em legítima defesa diante das artimanhas do contendores.Para consolidar sua imagem positiva divulgou a necessidade de pacificar o reino e partiu para enfrentar o temível touro branco sagrado de Maratona,a fera que atormentava pelo menos quatro cidades da Ática.
Partiu  e  em uma luta sem precedentes dominou o animal, levando-a para Atenas onde o sacrificou em honra de Apolo.
Foi nessa época que Atenas se preparava para enviar a terceira remessa de jovens para Creta rumo ao desprezível labirinto.Em meio à comoção do momento em que mais uma vez Atenas deveria pagar o tributo devido ao rei Minos, o povo se rebelou, achando injusto que Egeu ficasse indiferente diante das famílias que viam seus jovens solteiros e suas filhas donzelas serem arrancados de seus lares após o temível sorteio agora que ele tinha encontrado seu filho bastardo.Teseu se ofereceu para ir com jovens sorteados.
A fim de pedir proteção ao deus Apolo, Teseu conduziu os jovens com os quais empreenderá a viagem a Creta ao templo e em nome deles levou um ramo de oliveira embrulhado em lã .
Precavido ainda teve tempo de recorrer ao oráculo de Delfos para saber se sairia vitorioso nesta empreitada e saiu de lá com o conselho de que deveria contar com a ajuda do amor para sair vitorioso.


O navio que partia com os jovens sempre partia com velas negras para demonstrar o luto de todo um povo diante do horror que viviam.
No entanto, naquele dia antes de partir,Teseu ouviu seu pai que não desejava ver morto o filho recém-descoberto  falar ao timoneiro:
_Leve velas negras e velas brancas.Quando vocês estiverem de volta,icem as velas brancas caso meu filho esteja vivo que assim espero ou as negras caso eu nunca mais volte a ver meu ansiado herdeiro.
Partiram entre clamores e lamentos.
Poucos dias depois de desembarcarem , Minos foi ao porto conferir as vítimas que lançaria no labirinto,dentre elas encontrou o próprio filho de Egeu que decidiu revelar sua verdadeira filiação.Apresentou-se como filho de Posseidon e como gerasse certa incredulidade foi desafiado a provar sua afirmação.Minos retirou do dedo um anel de ouro que trazia sempre consigo e o lançou o mais longe que pode no azul profundo.Sem hesitar, Teseu lançou-se ao mar e em segundos foi rodeado por vários golfinhos que o conduziram ao palácio de seu pai onde nunca estivera antes.Foi recebido diante de um trono belíssimo em formato de concha onde estava sentado ninguém menos que o próprio senhor dos oceanos.A seu lado estava Anfitrite e ao redor um séquito de nobres aquáticos dentre os quais o rei Tritão.
Posseidon ouviu a história contada pelo filho e o motivo pelo qual ele tinha chegado até ali,imediatamente ordenou a Tritão que encontrasse e trouxesse o anel .Não tardou e o deus marinho retornou juntamentecom centenas de nereidas.Uma delas trazia o anel e o entregou a Teseu.Anfitrite colocou na cabeça do rapaz uma coroa de louros de ouro e Posseidon recomendou que ele voltasse para Creta.Não era aconselhável que se demorasse.Cercado por golfinhos e nereidas, Teseu chegou à praia e de onde as pessoas já começavam a se dispersar.
Sua chegada surpreendeu a todos.Ele não se afogara,trazia uma coroa de ouro sobre a cabeça e ao se aproximar de Minos, abriu a mão e lhe entregou o anel que havia sido atirado ao mar.
Ariadne, a filha de Minos estava próxima do pai e se encheu de admiração ao ver o rapaz naquela postura corajosa.No mesmo instante uma flecha de Eros,filho de Afrodite atingiu seu peito e o amor inundou-lhe.Sentiu pavor ao pensar que em pouco tempo Teseu seria morto pelo Minotauro, resolveu recorrer a Dédalo,o engenhoso construtor do labirinto,já admirava Teseu desde que soube de seus atos de heroísmo e acreditava que ele seria realmente capaz de acabar com o Minotauro.Quando Ariadne chegou até ele,o sábio homem já tinha uma solução:um novelo de lã.
Secretamente Aridane foi ao encontro de Teseu na noite anterior ao sacrifício:
_ Eu sou Ariadne, filha do rei Minos e acho que posso ajudá-lo.
_ Como assim?
_ Acredito na sua capacidade de abater a fera que se encontra nos corredores do labirinto,mas é impossível sair de lá.Vamos pegue!-Disse a moça estendendo o novelo de lã.-Você deve amarrar a ponta do novelo,logo na entrada do labirinto e ir desenrolando o fio até chegar ao Minotauro.Assim que você tiver acabado com o monstro- falou estendendo-lhe uma espada - volte enrolando o novelo e seguindo o caminho marcado.
Teseu agradeceu e percebeu nos olhos da moça uma ternura radiante.Imediatamente lhe veio à mente,as palavras do oráculo e percebeu que havia ali os cuidados de Afrodite.Sua confiança acabou se redobrando.
Na manhã seguinte os jovens foram conduzidos até a entrada do labirinto.Teseu foi o primeiro a entrar.Lembrou-se de seguir os conselhos de Ariadne.
O labirinto era extremamente confuso.Havia corredores longos que pareciam não ter fim e de repente ele estava de volta a um local por onde já havia passado.Virava para a direita,em seguida para a esquerda,dava voltas e mais voltas sentindo a ansiedade corroer seus ossos.A qualquer instante a fera poderia surgir, agarrá-lo,golpeá-lo e Teseu ainda tinha que manter-se atento ao fio que desenrolava.
E assim,num reflexo desviou da fera que surgiu repentinamente.Com agilidade pôs-se a desviar das investidas do tenebroso monstro que fungava pelas narinas arreganhadas e furiosas.Os chifres do ser meio touro,meio monstro passavam rentes ao corpo de Teseu.Havia uma violência desmedida nas ações do monstro que avançava para destroçar o rapaz e dele se alimentar.Depois de uma cansativa luta, Teseu conseguiu golpeá-lo com a espada no lado esquerdo.Assustadoramente o golpe pareceu não causar dor no animal que se voltou com mais fúria ainda.Foram muitos os golpes que atingiram o Minotauro, no entanto nenhum deles causou o efeito esperado.A luta prosseguiu por intermináveis momentos.O cansaço começou a tomar conta e em um instante em que o Minotauro parou para tomar fôlego,Teseu com força extraordinária se lançou contra seu inimigo e o atirou ao chão.Assim que caíram,Teseu cravou a espada no peito do animal caído que bufou,estrebuchou e em segundos ficou inerte.
Diante do cadáver,Teseu respirou profundamente e agradeceu aos deuses pela vitória.Olhou em volta e apanhou o que restara do novelo.Sentia-se feliz por mais uma missão cumprida e por saber que ninguém mais seria vítima do sanguinário ser.Ansiava por contar isso a todos.
Procurou o caminho de volta seguindo o fio e agradeceu por ele o estar orientando, pois percebia que a cada encruzilhada seu instinto o levaria pelo caminho errado.
Mal apontou na entrada do labirinto foi recebido com aclamação por seus companheiros e Ariadne se lançou sobre ele em gratidão e admiração sem par.Sem demora, Ela o alertou a partirem o quanto antes,pedindo permissão para seguir junto com eles..Por precaução furaram os cascos dos navios cretenses para que não os alcançassem durante a fuga.
Resolveram parar na ilha de  Naxos onde foram recebidos pelos habitantes com hospitalidade.Durante a primeira noite na ilha, Teseu sonhou com Dionísio dizendo-lhe que deveria deixar Ariadne na ilha,pois ela era sua noiva.Caso ele não a deixasse seria severamente punido.Receoso da ira divina,Teseu não teve escolha e se viu obrigado a partir,deixando a jovem em Naxos.Depois que partiram,assim que a noite caiu,Dionísio raptou Ariadne e a levou para o monte Drius.Ela jamais foi vista novamente.
Teseu e seus companheiros ficaram consternados com a sorte da donzela que tanto lhes ajudou e partiram rumo a Atenas.Em meio a tristeza, acabaram se esquecendo da solicitação feita por Egeu antes da partida e mantiveram as velas negras hasteadas.
Todos os dias, Egeu ia ao Cabo Sunion onde ficava o templo de Posseidon e estendia os olhos na direção do mar,esperando ver velas brancas despontando na distância.Para seu sofrimento e desespero vislumbrou as velas negras anunciadoras da desgraça que ele não poderia suportar.Sem hesitar atirou-se do promontório no mar que até hoje é conhecido como MAR EGEU.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Nilo

Tratava-me pelo diminutivo do meu nome e o enunciava com uma musicalidade pernambucana acentuando e alongando a penúltima sílaba.
_ Olguiiiiiiiiiiiiiiiiinha!
Vez por outra chamava assim:
_Oi, minha neeeeega!
Entrou pela porta do carro apressado, pois estávamos próximos ao cruzamento da XV com Armando Sales e o farol já ia abrindo.Proibido parar e estacionar.
Ele sempre insistia em pegar carona naquele ponto,embora eu preferisse um local menos afoito para apanhá-lo.Não adiantava.
Como eu dizia,entrou e sentou no banco detrás cumprimentando com animação.
Nem bem os cumprimentos passaram pelo farol,ele me entregou uma caixa de papelão fino.
Abri meio desajeitada enquanto Élio fazia curvas,passava lombadas e ultrapassava motoristas sonolentos.
Achei tão meigo!Um jogo de xadrez feito de argila e pintado ao estilo do mestre Vitalino.Ali estavam Lampião, Maria Bonita,Padre Cícero...
Acho que ele não comprou aquela lembrança para mim na viagem que fez para encontrar o irmão na Bahia, mas me presenteou porque sentiu um desejo impulsivo de fazê-lo.De todo modo era para ser meu e pronto e eu fiquei encantada em receber o regalo.
Primeiro porque embora eu nunca tenha feito a menor força para aprender a jogar xadrez , eu acho o jogo sedutor e interessante.Segundo porque aquelas figurinhas me remetem ao prazer de ouvir histórias.
_Pronto, minha linda!- Em outras palavras:Era mesmo para ser seu!
Certamente haveria um novo encontro em casa regado a caldinho de mandioca e outras delicinhas calóricas para sustentar nossas gargalhadas e maledicências inocentes como recompensa.
Certamente haveria...mas não houve...Certamente não mais haverá.
O chumbo cruzou seu caminho e ceifou seu tempo.
_Pronto! - Diria ele se aqui estivesse,porque nesses casos toda filosofia é vã.


Um ano sem a companhia de uma amigo inesquecível,que não guardava para si os elogios que desejava fazer,que não se calava diante do desejo de fazer críticas.Nilo era o tipo de pessoa capaz de encher de energia e animação os lugares por onde passava.Abraçava com carinho presente no gesto e demonstrando sempre importar-se.
Era professor de filosofia,mas de fato era professor de vida.Inteiro,verdadeiro e entusiasmado.Sou feliz porque ele foi meu amigo.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Panfletos

Passei os olhos rapidamente a tempo de ler a mensagem enquanto dirigia pelas ruas de um bairro aqui de Piracicaba.Achei que tinha que compartilhar ,então dei a volta no quarteirão e o Caio tirou uma foto com o celular.
Todos os dias sou obrigada a recolher da garagem e das grades do portão no mínimo dois panfletos.Raras são as vezes em que não há no mínimo dois panfletos do mesmo anúncio.
Ofertas de supermercado,prestadores de serviços em geral,ofertas de loja de calçados,pizzarias,telefonia...
Na semana passada,um espertinho querendo se livrar de sua carga deixou na caixa do correio um bolo cuja espessura assemelhava-se a uma lista telefônica e não eram daqueles pequenos não.Tinham aproximadamente o tamanho de uma folha de sulfite.Recolhi e coloquei no material para reciclagem.
Quando ocorre uma ventania e os moradores não puderam recolher esses presentes de grego, os papéis voam de dentro das casas para as calçadas e para o meio da rua,emporcalhando o bairro.
É tanto desperdício de papel e tinta em tempos de preocupação com  meio-ambiente que eu me pergunto :Em que planeta vivem esses anunciantes?


 OBS: Estou aprontando o post final sobre o Minotauro.Aguarde!Isto é, se o calor não acabar comigo antes!!!Deus do céu!! Torro no num país tropical!!