segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Para sempre fenômeno

Na casa da minha infância cresci vendo dois irmãos gêmeos do signo de gêmeos fazerem as paredes tremerem sendo o dia de clássico ou não.Houve momento em que minha mãe, muito menor do que os dois, via-se obrigada a colocar o corpo entre os dois como se pudesse levantar um muro e obnubilar a fúria entre um corinthiano e um palmeirense.
Eu era muito pequena e embaixo de todos os argumentos regados a uma baba furiosa e apaixonada entendia muito pouco.Mas sob este mesmo escarcéu que tinha como plano de fundo a narração de Osmar Santos com seus pimbas na gorduchinha,fui ficando corinthiana. Se é que alguém fica ou vira corinthiano.Tenho impressão de que se nasce assim, com o escudo gravado no DNA.
Quando chegava a época de carnaval e eu podia ir me divertir na matinê da associação do bairro, vulgarmente chamado por nós de Poeirinha,minha marchinha favorita era "Doutor, eu não me engano,meu coração é corinthiano..."
Muitas vezes, curiosa que sempre fui, debruçava-me na grande coleção de revistas Placar dos meus irmãos e me permitia doutrinar pelo irmão de sangue apaixonado que falava dos craques :Rivelino,Vaguinho,Biro-Biro,Wladimir,Palhinha...e fui crescendo... Sócrates,Casagrande,Zenon,Rincón,Vampeta,Marcelinho...
E Vandir com extrema excitação relembrava a grande vitória contra a Ponte em 77, demonstrava as jogadas, refazia os lances e eu gritava GOOOOOOOOOOOLLLLLL com a molecada do bairro.
Fazia muito tempo que eu não sentia as lágrimas descerem no rosto por causa do Timão.Agora, recordando a infância, a influência do irmão .(Coitado! O palmeirense não teve forças),as alegrias e tristezas de uma torcedora sem fanatismo é que me dei conta de que tenho um coração corinthiano e a despeito de todas as piadinhas (apenas um outro torcedor que goste mesmo de seu time,mas que sabe muito bem distinguir torcida de fanatismo extremista sem eira nem beira,é capaz de avaliar o sentimento nostálgico e doce que me bate à porta.)
Hoje, como eu dizia, chorei.Ver Ronaldo, despedir-se humilhado pelo fracasso de uma derrota foi demais.A parcela dos torcedores que um dia lhe beijou a mão,cuspiu-lhe no rosto,esquecendo-se do atleta sensacional que sempre fora.Todos sabiam que depois de tantas lesões ele não poderia mais jogar como um dia pôde e ainda assim,quantas vezes Ronaldo nos encheu os olhos e o coração com jogadas geniais.
Sinto muito que a ingratidão seja o brinde de despedida dessa torcida.Não de toda ela, tenho certeza!
Não de mim que guardarei no coração corinthiano o jogador de lances fenomenais!

Um comentário:

  1. Comentário realizado no Facebook:
    Mesmo sendo palmeirense, amei o post ,olga -Iara Sayuri Kazuyoshi

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