sexta-feira, 2 de março de 2012

Flores brancas para Evandro

Comprei pequenas rosas brancas.Elas haviam acabado de chegar no mercado e acho que fui a primeira pessoa a ser atraída por elas.Um buquê delicado,sem excessos,cheio de botões entalhados com a perfeição que apenas a mãe-natureza é capaz de produzir.Dispus galho por galho no vaso de murano vermelho e acrescentei água bem fria.Enquanto o nível do líquido fresco se elevava,meu pensamento ascendia feito fumaça de incenso e não hesitei em carinhosamente afirmar que elas eram dedicadas ao Evandro.Uma conexão sorridente entre meu coração saudoso e esse menino bonito que há três anos - amanhã fará exatamente três anos - precisou encerrar sua jornada aqui neste planeta se estabeleceu.Sem palavras,sem lógica,apenas o batimento cardíaco ligeiramente acelerado e o gosto de uma saudade sem amargor.As rosas sorriram também e aqueceram o momento.
Paulinho da viola, sambista e compositor costuma falar que o tempo dele é o presente,que ele não vive no passado,mas que o passado habita nele.Não encontro nenhuma definição que esbarre nessa ideia ou que seja capaz de ,sem sentimentalismo barato,expressar essa imensidade quase oceânica de sensações.De fato, não me lembro do que já passou com a agonia de quem gostaria de puxar a linha do tempo, enovelá-la para fiá-la do ponto que desejar.Eu me lembro das pessoas, dos lugares,das emoções, porque elas estão exatamente aqui, constitutivas que são do enredamento exato que me teceu.
As flores para o Evandro não são para chorar a saudade - e ela existe - , são , de fato, para agradecer à pessoa que tanto amei - e amo - por sua presença em mim.

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