Dor de agora
Olga Martins
Ai , quem me dera o tempo
todo branco
Arrastasse a franja do
esquecimento
Feixe de estrias em
ajuntamento
Varrendo toda a dor do
esquerdo flanco
Fluxo de contínuo gotejamento
Areia rubra de uma ampulheta
Minha polpa de amargo
pensamento
Que na tortura torpe se
deleita
Quem dera os líquidos globos
secassem
Então sementes de aurora
guardadas
Sem vento , sem medo, sem dó
ficassem
Por frequentes ondas repetitivas
Pulsar do peito por elas molhadas
De toda pena minha alma lavassem....
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