sexta-feira, 11 de março de 2011

O mar (parte II)

O trabalho tem consumido muito das minhas horas e da minha capacidade criativa,mas navegar é preciso ( no sentido de necessidade mesmo)então cá estou.

Minha última postagem falava sobre minha sede de mar e a sede era tanta que sereias em agonia encalhadas nas minhas veias secas clamavam pelo sal dos oceanos.
Nem mesmo as intermináveis horas de estrada foram capazes de insuflar desânimo no coração sedento.
Nem mesmo a chuva ininterrupta trouxe covardia ou vergonha de pisar a areia molhada.-Yes,nós temos farofa!
Minhas pernas estremeceram diante dele,o mar.E ele , sem cerimônias me enredou em suas águas nervosas e cristalinas ali da beirinha.
As sereias cantaram seu feitiço, vazaram por meus poros e dançaram com as tartarugas bailarinas da praia.Depois sopraram um beijo, desejaram-me sorte e desapareceram para além das ondas e dos rochedos escarpados da costa.
Sentei-me quase sem fôlego na areia de grãos grossos e dourados,pouco adiante um siri muito clarinho limpou a toca e nela se enfiou.
A chuva que havia parado para respirar diante do espetáculo das sereias,voltou à sua rotina de chover.Chuva fininha,mas insistente pontilhando a extensão da areia.
Eu ainda tinha uma sede inexplicável de mar, ainda que estivesse ali diante de sua grandeza.Parte de mim queria ser sereia?Ou a beleza era tanta que não cabia no ato de olhar?
Enquanto chuva e ondas marcavam o tempo, a maré foi subindo e consumindo o espaço de pernas.O espaço agora era de nadadeiras.Resolvi voar.

Um comentário:

  1. Sempre nos fazendo 'viajar' com sua escrita encantadora! Parabéns mais uma vez!!!!
    Thaís D.

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